31 de mar. de 2014

Regeneração

Me sinto tão fraco...
Parece que a veliche chegou mais cedo.
Tento murmurar algo, mas meus músculos recusam-se a mover.
Tento levantar meus braços, mas os seus ossos caem para fora do lugar, e estou tão cansado que nem sinto dor.
Um espelho ante a mim mostra-me o horror da minha pele, tão jovem e tão macia, perdendo força para pendurar-se à carne.
Minha pele derrete, deixando minha carne exposta, e ela tem tantos tumores e hematomas que já nem pode ser considerada vermelha.
Não posso piscar. A Morte obrigou-me a encarar-me antes de me levar onde quer que ela deseje, e mesmo assim, logo sinto-me calmo próximo à minha carne nua.
Meus olhos sangram enquanto meus dentes amarelados caem, em conjunto com os líquidos pútridos que vazam da minha garganta pela minha boca.
Veias estouram tingindo a manchidão negra do destrato do meu corpo em rubro, enquanto meu pênis elimina uma mistura de urina, sangue e sêmen.
Os tumores crescem, mais hematomas aparecem, e quanto mais eu olho, mais acostumado, e mais a vontade encontro-me.
Volto a olhar meu rosto, e vejo um sorriso nele impresso.
Estou morrendo.
E renascendo.
Águias voam para os altos das montanhas, sozinhas, para que possam depenar-se e destruir os próprios bicos e garras, para então renovarem-se.
Fênix destroem-se no próprio fogo antes de renascer das suas cinzas.
Fui eu quem me destruí, e serei em quem irá me reconstruir.
A parte ruim é que eu sou humano, e estou com medo de mudar...
Eu não quero ir...
Mas já que estamos aqui...
Allons-y...

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