31 de out. de 2013

Umbanda Satanachia

Eis que paramos. Quem diria que encontraríamos um castelo de tamanha majestade em lugar como este? Memórias de conhecimentos anteriormente atemporais invadem minha mente para que eu pense em tal comentário sem sentido com minha realidade, enquanto eu e meu amigo de infância desmontamos dos nossos cavalos, e os prendemos aos portões do castelo europeu perdido nas florestas tropicais das terras do rei purtugueish, e dos pagés de Maracatu-Guarani. Ou seria Tupi-Samba? Enfim...
A lua olha para nós com olhar de desaprovo, mas, não somos lunáticos, quem liga para o que a Lua diz, não é meu velho? Eu ligo... Mas não hoje, por algum motivo estranho.  O castelo me seduz com aquela curiosidade quase sexual, como quando você faz sexo com um travesti.
Quando passamos do portão notamos que à direita do castelo (nossa esquerda) existe um cemitério de elefantes. Estes são bastante raros na America do Leste.
Ignoramos o fedor de elefantes mortos e entramos. Nem de longe era ele tão grandioso de dentro quanto de fora. Na realidade até parecia um simples complexo de apartamentos! Um complexo muito velho e sujo, mas repleto de gente.
Gente de todo tipo! Desde arianos até italianos! Ok, talvez não todo tipo de gente.
Eles mal se vestiam. Usavam penas e folhas para cobrir suas vergonhas enquanto dançavam em círculos ao batuque de Bossa Nova.
Meu amigo juntou-se à festa dos bárbaros branquelos e eu lhes observei.
Dois branquelos em particular me chamaram a atenção. Uma italiana baixinha e tímida com cara de boba envergonhada. O que ela fazia alí? E um homem ariano, alto e musculoso, que parecia chefiar a festa.
Quando voltei a mim, homenagearam o Senhor com preces à cruz branca deitada para a esquerda. E também para a vó morte, com uma canção do ninar eterno.
Logo a cruz deitada tronou-se vermelha, e os bárbaros branquelos do castelo de apartamentos  começaram a pintar os símbolos de goétia uns nos outros.
"Isso é o máximo!" Meu amigo comentou, e eu respondi: Não! Vamos embora! Vamos sair daqui!
Naquele lugar, a Lua já não podia mais olhar por nós. A luz se distorcia. Tudo parecia vermelho sangue. Eles dançavam e pintavam com ainda mais ferocidade, e tudo aquilo me assustava de tal forma que só pensava em ir embora, mas me deixava curioso de tal forma que só pensava em ficar e ver mais um pouco.
Mas meu amigo nem ligava, e se divertia entre os branquelos dançantes que pintavam-se de negros, como se numa tentativa de se tornarem corredores haitianos.
E logo, aquele homem que parecia o líder, todo pintado de negrume mais preto que a noite, veste uma capa negra e vermelha com símbolos demoníacos bordados nela, uma carola preta e vermelha de soberania sobre a casa, e se apoia numa bengala de violação das moralidades. Ele então nos grita "TRAZ OS ESTRANHO!"
Eu e meu amigo nos aproximamos, e nos olhos do branquelo enegrado... Vi as almas de 368002 demônios.
Ele soprou a fumaça do seu charuto na minha cara como que não tem escrúpulos por nada, nesse mundo, como se espera de m demônio. Logo ele cercou-se de putas branquelas pintadas de cinza e marrom, que o tratavam como rei.
"Marabô" ele se apresentou.
"Um nome mais plausível, por favor" eu disse.
"Satanichia" ele respondeu.
Os demônios estavam lá. Estavam realmente lá.
"Eu posso te dar respostas. Respostas para qualquer pergunta. Vamos. Me pergunte. Estou aqui para responder."
"Eu não falo com demônios." Respondi.
"Mas cara..." Disse meu amigo, mas o interrompi.
"CHEGA! Nós vamos embora!"
Puxei-o pelo braço até a porta da frente.
"Pode ir!" Disseram os demônios. "Eu sei que alguma hora você vai voltar."
Os cavalos haviam fugido.

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